On his way to work, Roberto tried to give a good example. Although having a car, he would prefer to go by bicycle, so that he could exhibit the slogan he was so proud of: “one less car”. That slogan was hanged over the back part of his bike, so when he passed by, everybody who was left behind could see it. Undoubtedly, such initiative had great impact on drivers stuck in traffic. The results were seen on a Friday morning.
He was riding to work, very close to the sidewalk, in a way he would not disturb the intense traffic flow of that time. There was nothing different - some drivers blowing their horns, others saying bad words – the same usual lack of respect. Alberto noticed that most cars were occupied solely by the driver. Turning right, Alberto saw a beige Fusca ahead. The driver, an old lady, seemed to be very nice, but drivers around her were getting impatient because she was driving slowly. They didn’t understand she was just following her own rhythm, the one of experience.
Something called his attention: a student, as he recognized because for the blue uniform, was struggling to cross the street. She seemed to be in a hurry, as she looked at her watch desperately. He couldn’t do anything. Even so, he said when approached her: “good luck, I’m doing my part”. She saw the slogan and understood everything. Alberto thought that girl would wait for a long time to cross the street. Suddenly, a strong noise stopped everything. Out of the speed limit, a motorcyclist crashed into a car.
I went there in case anybody needed any help, but I barely could get close to the victims. The crowd didn’t let me see anything. I was looking for space when I saw that student crossing the street. Unfortunately, a terrible event like that provided the opportunity for her. Fortunately, that event was responsible to remind people of an old sense of community. No one was disrespecting each other. Most drivers got out of their cars to help. Perhaps the overcrowding of traffic jam is helping push us in the direction of real community.
Finally, I got to work. Of course I told all my co-workers about the accident. They told me I was getting famous because of my slogan. Most of them were accustomed to see me riding every day. My boss said he offered his neighbor a ride in that morning, and my slogan had inspired him the idea. I answered: “Very good, one less car, maybe fewer accidents”.
Text by André Godoy
Photos by Patrícia Narvaes
Video by João Batista Neto
Em seu caminho para o trabalho, Roberto tentava dar um bom exemplo. Embora tivesse um carro, preferia ir de bicicleta para exibir o slogan de que era tão orgulhoso: “um carro a menos”. O slogan ficava pendurado na parte de trás de sua bicicleta, então quando ele passava, todos os que ficavam para trás podiam vê-lo. Sem dúvida, tal iniciativa tinha grande impacto em motoristas presos no trânsito. Os resultados foram vistos em uma sexta de manhã.
Ele estava pedalando para o trabalho, muito perto da calçada, para não atrapalhar o intenso tráfego daquele horário. Não havia nada diferente – alguns motoristas buzinando, outros xingando - a mesma falta de respeito de sempre. Roberto notou que a maioria dos carros eram ocupados apenas pelos próprios motoristas. Virando à direita, Roberto viu um Fusca bege. A motorista, uma velha senhora, parecia ser muito simpática, mas os motoristas em volta estavam ficando impacientes porque ela dirigia lentamente. Eles não entendiam que ela estava apenas seguindo seu próprio ritmo, o da experiência.
Algo chamou sua atenção: uma estudante, como ele reconheceu pelo uniforme azul, estava com dificuldade para atravessar a rua. Ela parecia com pressa, pois olhava para seu relógio desesperadamente. Ele não podia fazer nada. Mesmo assim, ele disse quando se aproximou: “boa sorte, estou fazendo minha parte”. Ela viu o slogan e entendeu tudo. Alberto pensou que ela esperaria muito tempo até conseguir atravessar a rua. De repente, um forte barulho parou tudo. Fora do limite de velocidade, um motociclista bateu num carro.
Eu fui lá, em caso de alguém precisar de ajuda, mas mal pude chegar perto das vítimas. A multidão não me deixava ver nada. Estava procurando espaço quando vi aquela estudante atravessar a rua. Infelizmente, um evento terrível como aquele lhe concedeu a oportunidade. Felizmente, aquele evento foi responsável por relembrar as pessoas de um antigo senso de comunidade. Ninguém estava despeitando um ao outro. A maioria dos motoristas saiu dos carros para ajudar. Talvez a superlotação do trânsito esteja nos empurrando na direção de uma verdadeira comunidade.
Finalmente, cheguei ao trabalho. Claro que contei a todos meus colegas sobre o acidente. Eles disseram que eu estava ficando famoso por causa do slogan. A maioria estava acostumado a me ver pedalando todo dia. Meu chefe disse que ofereceu a seu vizinho uma carona naquela manhã, e meu slogan havia inspirado a idéia. Eu respondi: “Muito bom, um carro a menos, talvez menos acidentes”.
Texto de André Godoy
Fotos de Patrícia Narvaes
Vídeo de João Batista Neto